
O enredo, assim como li em todos os sites da internet, é o de um diretor, chamado Guido, com um "bloqueio criativo" e que busca inspiração enquanto luta contra os seus problemas pessoais em meio a algumas lembranças da sua infância. Na minha opinião pessoal [e tenho certeza de que não é original], este enredo está errado e o diretor não passa por bloqueio algum e sabe exatamente o que está fazendo; está dirigindo o próprio filme em que está atuando como diretor, o "8 e 1/2". Isso fica muito claro em uma cena na qual ele fala que no seu filme terá de tudo, até um marinheiro sapateando, nisso um marinheiro passa pela cena e Guido diz que se ele sapatear, terá um papel no filme, e voilá, temos um marinheiro sapateando no filme. Não dá para ser mais metalinguístico do que isso.
Fica evidente que Fellini foi uma das principais fontes de inspiração do grande David Lynch, principalmente pelo risoto de sonho e realidade, do qual não é possível distinguir as partes tão claramente quanto se pensa à primeira vista. É claro que Lynch leva isso muitos passos adiante, o que se dá para notar só de ler os títulos traduzidos das suas obras.
"8 e 1/2" é um filme brilhante, fruto de uma mente artisticamente genial e que superou todas as minhas expectativas quanto ao cinema como arte, ganhando assim o primeiro lugar no meu ranking de filmes.
-
PS: O nome "8 e 1/2" se deve a este ser o oitavo e meio filme feito pelo Fellini, tendo antes feito seis longas, dois curtas [portanto meio filme cada] e um meio longa, no qual ele foi co-diretor [portanto dirigiu só metade].
Um comentário:
Até ver 8 e 1/2, achava que Pulp Fiction era o melhor filme. Me enganei. Fellini fez uma obra inigualável em todos os sentidos. Roteiro, fotografia, atuações. Um filme que dá inveja.
Também gosto muito de David Lynch e, na verdade, nunca tinha parado para pensar na influência do italiano sobre ele. Não dá para negar.
Assim como Fellini, Lynch acaba com as noções de tempo, espaço e personagens em um filme. Isso para não falar que "Cidade dos Sonhos" também é uma obra metaliguistica. Em ambas, é possível perceber questionamentos sobre os caminhos do cinema.
Tentei escrever alguma coisa sobre 8 e 1/2 no meu blog (http://www.omaiseonada.blogspot.com), mas não consegui. É um texto sem grandes pretensões, mas interessante de ser feito.
Postar um comentário