sexta-feira, 9 de julho de 2010

Dez coisas que eu nunca entendi direito

1) Por que é tão inaceitável transar de meia? Têm coisas muito piores que podem acontecer antes/durante/depois do sexo que são tidas como "normais". Supondo, é claro, que a pessoa não esteja com chulé.

2) Por que é tão desconfortável andar de elevador com outra pessoa aleatória? Ok, na verdade eu entendo essa, porque se são três, tudo bem, você pode sempre pensar que os outros dois estão prestando atenção um no outro e você está livre. Agora, se for uma pessoa só, você SABE que ela estará prestando atenção em você nos próximos 35 segundos e não há nada que se possa fazer. Deveria ser obrigatório uma plaquinha nos elevadores com uma lista de temas para conversar com o outro tripulante. "Bom dia, qual o seu andar? Quinto, ok. Mas me diga, o que a senhora pensa a respeito do aborto em casos de estupro?"

3) Por que os documentos sempre entram apertados nos plásticos da carteira? Talvez seja pra rasgar rápido e você ter que trocar?

4) Por que não existe queijo coalho à milanesa em cada esquina?

5) Por que as pessoas têm tanto medo de separar o preconceito da estatística?

6) Se eu sou só uma pessoa e só posso ter um CPF, uma carteira de reservista, uma carteira de motorista, um RG e uma carteira de trabalho, por que há tantos números na minha vida?

7) Por que não existe refrigerante de manga? (ok, deve existir, mas por que eu não acho no Dia % do lado da minha casa?)

8) Por que não existe metrô 24h em São Paulo? (ok, essa foi um desabafo)

9) O paradoxo dos gêmeos. Porque dentro deste paradoxo existe outro: a idéia que resolve o paradoxo vai contra a do universo não ter um referencial absoluto, que é a base de toda a teoria relativística, que é daonde sai o primeiro paradoxo. (porra. eu sou formado nisso, uma tinha que ser de física)

10) Por que as pessoas (eu, por exemplo) acham tão legal postar dez coisas nada a ver só para que as outras leiam e comentem e critiquem e dêem risada e záz? É sério, eu só tinha dois itens pra postar, o da meia e o do queijo coalho, o resto eu inventei agora pra dar dez, inclusive este... enfim...

sábado, 19 de junho de 2010

Pré-Minha vó me flagrou lendo Bukowski

Ontem minha vó me flagrou lendo Bukowski e perguntou o que era. Disse que era um livro de contos e o assunto deu-se por encerrado. Depois fiquei imaginando e cheguei à conclusão de que seria muito pior, caso ela conhecesse Bukowski, me flagrar lendo do que fazendo as coisas dos textos. Acordar bêbado na calçada, fazer sexo com loucas que vivem com animais, ir preso, se fuder apostando em cavalos são coisas que uma vó perdoaria, afinal de contas, faz parte da juventude, essa emoção, desejo de conhecer, a adrenalina. Agora a leitura é um ato sóbrio, racional! Só um psicopata poderia ler e gostar de Bukowski... seria muito pior...
Taí, meu próximo conto "Minha vó me flagrou lendo Bukowski"

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Kid Foguete, Hitler e Gordos Barbudos

O tic-tac do relógio me assusta. Ele me diz que o tempo está indo pra frente e que não há volta. Uma hora todo mundo tem que encarar seu destino. Não que eu acredite em destino, mas uma hora ou outra alguma coisa muito boa ou muito ruim acontece na vida das pessoas, e elas chamam isso de destino. Eu chamo de Kid Foguete. E no meu caso, isso era uma coisa muito ruim.

Eu fazia parte de uma liga de boxeadores anti-profissionais no cais do Rio. Éramos do tipo que fumava antes de uma luta, mas só um fumava depois. Pois lá estava eu, vendo aquele chão do pátio cinzento e frio, cheio de bitucas com sangue no filtro. Até o sangue era cinza. Algumas delas nem eram de boxeadores. Havia algumas camisinhas pisoteadas, cinzas também. Meu Deus, quem usa esse tipo de coisa aqui? Certamente nenhum dos marujos, já que nenhuma doença deste mundo poderia competir com a quantidade de conhaque e cigarro que consumiam. E eles já estavam acostumados com coceiras, algumas perebas a mais não fariam diferença.

A roda estava formada, eu numa ponta e Kid Foguete na outra. Conseguia sentir seu bafo daquela distância. Aquele baixinho careca desgraçado. Tinha uma tatuagem de âncora no braço direito. Dizem que quando ele estava voltando de uma viagem em um navio pesqueiro, puxou a âncora que, sem querer, trouxe uma baleia junto. Ninguém viu. Mas ainda assim dizem por aí, e ninguém vai discordar. Diz que resolveu tatuar aquela âncora só para ninguém esquecer, mas eu acho que ele viu algum fortão em um filme com uma daquelas.

- Vou fazer você sonhar nunca ter saído da boceta da sua mãe. - gritou ele, com um sotaque nordestino.

Eu sorri. Que vontade de cagar.

Nisso, Hitler me passou um estilete. No momento não gostei da idéia de usar uma arma, mas depois pensei que talvez pudesse usá-la para me matar no meio da luta, para acabar com a dor. Coloquei do lado esquerdo do meu calção.

Hitler era um alemão que tinha perdido a memória e acabou caindo no nosso cais uns 2 anos atrás. Ninguém sabia o nome dele, nem ele, então o chamávamos de Hitler, porque era a única coisa alemã que conhecíamos. Tentei ensiná-lo um pouco de português, mas parei quando ele começou a apanhar depois que aprendeu "filho da puta". Acho que ele pensou que significasse "olá".

A luta estava prestes a começar e eu estava morrendo de frio e com vontade de cagar. Olhei para os lados e comecei a imaginar qual foi o ponto decisivo na minha vida que me levou a estar ali. Quando era criança, conseguia desmontar meus brinquedos e montar novos a partir das peças. Tinha certeza de que seria um engenheiro quando crescesse. Talvez estivesse construindo um avião se as coisas fossem diferentes. Mas naquele dia, a única que iria voar seria a minha cara, antes de atingir o chão.

Começou a luta e Kid veio com tudo. Quando me preparei para desviar de algum soco, recebi uma cuspida no olho esquerdo e um chute no saco. Caguei nas calças. Filho da puta, boxe não era só com as mãos? Caí duro, e cagado, no chão e quando olhei, a multidão de gordos barbudos estava espancando Kid Foguete, mas por alguma razão estavam batendo uns nos outros também, o que não demorou muito para começarem a bater em mim. Desgraçados, eu já estava no chão. Só conseguia ver alguns dentes e corpos gordos caindo. Me encolhi no chão e fechei os olhos. Recebi mais uns cinco chutes e depois tudo parou. Voltei a abrir os olhos quando ouvi algumas risadas e o cheiro de cigarro.

Todos estavam conversando normalmente. Os que estavam de pé, é claro. Eu não era um deles, nem Kid, nem Hitler, coitado. Esperei. Não sei bem o que, mas esperei e depois me levantei, tomei um gole de conhaque que me deram e fui devolver o estilete para o Hitler. Ele levantou também, com um sorriso bobo e falando em alguma língua estranha. Correu para o orelhão, falou alguns minutos e depois ficou sentado no pátio. Nisso, Kid levantou xingando todo mundo, estava com o lado esquerdo do rosto parecendo uma abóbora. Eu corri para dentro do barco me esconder dele, mas hoje falo que foi para trocar a calça. Quando voltei, todos estavam olhando uma limosine com uma bandeira vermelha com uma cruz azul deitada. De dentro saiu um velho que abraçou Hitler, dando muitas risadas. Ele olhou pra gente e sorriu, depois olhou pra mim, me mostrou o dedo do meio e foi embora. Merda, perdi meu único amigo.

terça-feira, 13 de abril de 2010

What a nice girl I've met

kinamccandless01@hotmail.com diz:
Looking for a good man
daniel diz:
try gandhi
kinamccandless01@hotmail.com diz:
hey
daniel diz:
what?
kinamccandless01@hotmail.com diz:
i'm 21/f your a male right?
daniel diz:
no, I'm an svronha alien, in my planet we have 17 different types of sexual genres
kinamccandless01@hotmail.com diz:
nice, I just got off work and finally got some time to relax which site did i msg you from again?
daniel diz:
tube8 probably
kinamccandless01@hotmail.com diz:
I know a way we can chat and have a better time.. do you cam?
daniel diz:
no, I think the camera steals our souls by capturing the image, I tend to stay as far away as possible from them
kinamccandless01@hotmail.com diz:
Well i don't do yahoo cam or any other cam because i have been recorded before... But i do know one site you can watch me on cam, that assures me no one records...
daniel diz:
they dont steal your soul on that one?
kinamccandless01@hotmail.com diz:
I mean... Do you want to see me on my cam?
daniel diz:
I'm blind, actually
kinamccandless01@hotmail.com diz:
Ok go to (link suspeito) and click on the "join for free" orange button at the top of the page to join for FREE
daniel diz:
Ok, let me take a shower first, I'll be there at 8pm, wearing a red suit with a sunflower on my left pocket... and call me daddy, will you?
kinamccandless01@hotmail.com diz:
sweet, fill out the contact info ur info.. i can not wait for you to see me baby let me find something nice to wear

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Zona

Cá estou, no SPFW, correspondendo aos meus milhares de leitores diretamente da sala de edição do ffw.com.br. O palco é a Bienal, em meio à floresta do Parque Ibirapuera, que ainda não tive a chance de conhecer muito bem. Como esperado de um evento desse nipe e porte, tem muita gente estranha, peões, hypes, indies e outros dedicated followers of fashion. Mas não vou falar deles (ou delas, porque são lindas, todas - embora blasés). Vou falar da estética do ambiente.

O prédio da bienal tem uma típica arquitetura moderna, ou seja, muito concreto e muito vazio, dando essa sensação bem urbana, a cara do Niemeyer. Para preencher esse vazio, existem postes e paredes pintadas com ícones da cultura midiática, como câmeras fotográficas, símbolos de gênero de banheiros, posições sexuais e símbolos conhecidos da sociedade. Além disso, o espaço entre os andares está repleto de telas LCDs com tags aleatórias(iso400, copacabana, cervejada, airplane, etc), que buscam imagens na internet e criam um vídeo a partir delas. Se não fossem as roupas das pessoas, eu me sentiria em um ambiente meio "Hackers" (o filme), extremamente noventista.

O que me chamou a atenção nisso tudo é a aleatoriedade das imagens, que na verdade são apresentadas como uma proposta para serem subjetivas e expressarem a massa da cultura virtual e blá blá blá. Só que eu enxergo uma disposição quase dadaista nisso tudo, porque o que se sobressai olhando o "conjunto da obra" acaba sendo a forma média das imagens e não seus significados individuais. Isso ao se aliar com a arquitetura do lugar, cria um altar de formas, curvas e cores. De certa forma, me sinto passeando num viaduto repleto de graffitis, só que mais burguesamente organizada.