
Queria escrever sobre a arte, de uma maneira bem definida, ao pé da letra. Ou seja, quero dizer que uma obra de arte é um conceito muito bem definido, ou seja(2), a definição da obra de arte é algo claro, embora existam teorias que nos iludem a pensar a respeito como se fosse algo muito mais profundo do que na verdade é. Vale lembrar que profundeza e complexidade não são sinônimos. As duas teorias que considero mais sensatas são a de Arte Institucional e de Arte como expressão, sendo que a primeira de certa forma engloba a segunda. A teoria da arte institucional define uma obra como algo que possui atributos e características que instituições reconhecidas consideram requisitos para este algo seja considerado uma obra de arte. A falácia do argumento circular é óbvia e ao mesmo tempo essencial. Trate algo como uma obra de arte e este o será - quase um provérbio bíblico. As obras de arte ou mesmo uma obra qualquer são produções humanas que recebem leituras humanas e portanto compartilham a mesma subjetividade da sua definição, as definições e as obras são culturais e datadas, pertecem a um certo povo, em uma certa época da história do universo, que pensa de uma certa maneira. Estamos em 2009, pensamos assim e é nóis.
O grande problema para mim, e creio que para a crítica, está em delimitar um corpo para a obra. Podemos considerar o exemplo mais citado de obra de arte de todos os tempos, a Mona Lisa. Como podemos pensar na Mona Lisa de Leonardo da Vinci, na Mona Lisa, quadro pintado no século XVI pelo pintor e inventor italiano Leonardo da Vinci, na Mona Lisa, pintura a óleo sobre madeira, etc etc. Poderíamos contextualizar o período histórico em que o quadro foi pintado, como também ele em relação às obras anteriores de da Vinci. Poderíamos analisar a influência que esta pintura exerceu sobre todas as outras posteriores até a nossa geração, como também na influência que exerceu sobre o enquadramento na imagem em geral. Ou não. Até onde podemos, devemos e queremos ir afundo para apreciarmos uma obra? Queremos achar pontos positivos e negativos para exercer nosso espírito crítico e dessa forma colocarmos em contraste com a crítica geral, o famoso senso comum, e vangloriar-nos por achar o que ninguém percebeu. Aliás, perceber é um ato muito mais complexo do que definir a arte, na minha opinião, pois como seres limitados, conseguimos receber informações do universo através de 5 sentidos e de forma razoavelmente suja, o que torna difícil escolher o que vamos perceber ou não, sendo que somos condicionados, através do nosso aprendizado, a inconscientemente perceber um certo padrão que nosso cérebro considerou agradável algum dia.
Em resumo, seria melhor para a crítica se padrões fossem estabelecidos para a crítica da arte, mas seria mais chato também. E eu troco o rigor pela aventura.
PS: Eu nunca li nada profundo sobre a crítica, sobre o autor ou sobre qualquer uma dessas coisas que acabei de escrever. Mas sei que eu estou em 2009, penso assim e é eu.
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